
Depois, na noite de Natal, acendiam o "madeiro".
A terra em que nasci, as suas cores, odores, sons e sabores. Os sonhos, as esperas, os afectos, as perdas... a minha vida.
O pai participava e arranjava sempre par para fazer equipa.
A assistência tão murchinha... a criança, o polícia... tudo tem a ver com as provas desportivas em velocidade e as corridas na ponte Vasco da Gama altas horas da manhã, de agora!
Não conhecem com quem falam, não a podem tocar, nem ver ou ouvir as suas gargalhadas, na maioria dos casos. O cine proporcionou muito mais que isso toda a sua vida. Encontros, namoros, amizades, cavaqueira apenas. Mas tudo ao vivo e a cores... a fazer bater mais forte o coração!
O Zé, O Paulo e a Teresa, os 3 filhos da pessoa mais adorável que existiu à face da Terra- a Mimila.
O Paulo e o Zé já estão com ela.
A Teresa continua a acarinhar a filhota, já adulta.
Como deve sentir saudade da mãe!
Na praia, debaixo do toldo, no calor do mês de Agosto, eu... completamente enfarpelada com saias e bibes de folhos, cabelo penteado, borboleta engomada e...pés descalços.
Como é possível fazerem uma coisa destas a uma criança?
Sentarem-na ao sol, vestidíssima, penteada e pronta, uma vez mais, para ficar horas a olhar para o sol.
Não havia ninguém por lá com sensibilidade para partir a máquina fotográfica?
Que bom ter um fato de banho pequenino, correr na beira do mar, brincar na espuma salgada da rebentação das ondas e fazer castelos na areia, com as formas de conchas e peixes... gozar a natureza em liberdade.
Não consigo entender porque tinham que anular o cenário natural em cada fotografia que nos tiravam. Desta vez com um casaco comprido...
Tinham ideias persistentes. Fazer o registo para a posteridade em cima de um veículo (motorizado ou quase), era uma delas.
Quase caio da "bruta máquina", que ameaça tombar para a esquerda, mas mantenho a pose. Começava a habituar-me, a tomar-lhe o jeito.
Ainda se podia conduzir sem capacete e sem carta de condução, mas o mais difícil era fazê-lo sem chegar com os pés aos pedais.
Agora compreendo porque ainda não gosto de ser fotografada!
Esta foto é para a "Julieta" dos olhos cor do céu e dos cabelos de ouro...
Já então era "moço bonito" de morrer!
Anafadinho, como se tivesse sido picado pelas abelhas. As mãos, as bochechinhas...
Inchados, os dois, pai e filho, de um amor tão belo como o luar, tão quente como o sol, tão forte como o vento, tão profundo como o mar, tão generoso como o sonhar, tão livre como o pensamento e tão constante como o tempo.
Quando a neve e a geada se despedem, rebentam as folhas novas, bordando a matiz as encostas da Serra.
Depois, com os primeiros raios de Sol a aquecer o ar, as cerejeiras florescem e enfeitam a grande sala que é a Cova da Beira, com magotes de pequenas pétalas rendadas, alvas e rosadas, numa festa para a vista e para o coração.
Mais algum tempo e transformadas em tapete macio, dão lugar ao vermelho vivo das cerejas, vergando com o seu peso os ramos mais frágeis, enchendo de cor o horizonte e anunciando a proximidade do Verão.