06/06/2009

Cerejas e política


No Fundão só ouço falar em cerejas e política.
Cerejas que pouco resistem ao tempo. Política que muda como a Lua.
É agora o tempo delas - das cerejas e da política.
Adoro cerejas. Pena que surjam e acabem na Primavera. Efémeras quanto doces, frágeis quanto irresistíveis.
São o pote de moedas de ouro das aldeias da encosta da Gardunha, os rubis entre folhas de esmeraldas, da Serra com coração de granito, cor de prata.
A floração enche a Gardunha de alegria, de esperança na riqueza que vem a caminho.
Depois é a euforia. As cerejas são expostas em out-doors com fotos sugestivas.São alegremente oferecidas na beira das estradas, como pingos de sangue no colo das mulheres, que todo o ano trabalham na agricultura, sob o sol escaldante do Verão e o ar gelado do Inverno.
Sorriem em caixas ordenadas à porta das mercearias.
Encantam os inúmeros turistas que chegam em autocarros e as procuram com entusiasmo.
Dão nome a arraiais, feiras e festas populares durante todo o mês de Junho.
Quanto à política... falam os que esperam vencer eleições. No entanto, cada vez mais as pessoas se mostram incrédulas, se insurgem contra o espectáculo da caça aos votos, se afastam de discuções e esclarecimentos.
Não conhecem e não querem conhecer nem os candidatos, nem os programas.

Assim vai o meu Fundão, vencendo a terra e os seus frutos, às ideologias e suas promessas.