20/09/2008

Os teus olhos castanhos...

Um conhecido meu, no Fundão, tinha um problema de dicção em que não conseguia pronunciar os cês.
No dia a dia, já se notava bastante a sua dificuldade, mas todos disfarçavam e pareciam não reparar na sua maneira de cortar as palavras.
O pior era a sua insistência em cantar nas festarolas e reuniões de amigos.
Mal se falava em serão entre amigos, lá estava ele a sugerir uma cantoria.
Todos sabiam já o que iria acontecer, mas não tinham coragem de lhe dizer, nem sequer de o contrariar.
Então, quando se punha de pé e pedia para cantar, era inevitável a música escolhida.
Todos sugeriam outra, fingindo que era só para variar, mas ele insistia. Era aquela que ele adorava e ninguém o demovia.
Certa vez houve uma noite de fados no jardim do Fundão e encheu-se de gente o jardim, para assistir. Correu bem e no final, os amadores foram convidados a participar. Aconteceu o que todos temiam... Ele não se fez rogado, subiu para o palco e pegou no microfone.
Começou :
-Eu _ueria _antar a minha _anção preferida, _ue já todos _onhecem... Os teus olhos _astanhos.
E lá se voltou a ouvir:
-Os teus olhos _astanhos, de en_antos tamanhos são pe_ados meus...

11/09/2008

Doze filhos de uma vez só...


Vi esta fotografia durante anos na malinha, onde a minha mãe guardava as suas recordações. Havia fotografias de pessoas amigas, de pic-nics, dos nossos aniversários, de viagens que os meus pais tinham feito, de primeiras comunhões e principalmente de casamentos.
Não sei quem deu esta fotografia ao meu pai, mas andava misturada na grande colecção que se podia encontrar na malinha.
De vez em quando ia ver todas aquelas caras que já conhecia, mas que continuavam sempre a ter alguma coisa de novo.
Esta era uma das que me hipnotizava, ficando a olhá-la durante longos períodos de tempo, não sabendo porquê, concretamente.
Ora me fixava nos leitões, contando-os vezes sem conta, ora mirava o seu tratador de mangas arregaçadas e chapéu preto.
Pensava que ele estava tão vaidoso, como a porca. Parecia-me sempre que ela se sentia a mãe e ele... o pai! Claro que o orgulho que o fez ficar na foto para a posteridade, me dava a ideia de que ele gostava tanto dos leitõesinhos, como se fossem seus "filhos".
Era apenas o facto do cuidado paternal que me vinha à cabeça, claro!
Os filhotes da porca pareciam-me iguais à mãe, não só na cor, mas nas orelhas espetadas que se vêem nos que estão de frente.
Era uma família completa!
Aquela corda preta que está a meio da parede, atrás do tratador, também me despertava curiosidade. Eu conhecia o hábito de plantar videiras à beira das casas, junto às portas, para puxar e fazer latada. No Verão, quando estavam plenas de rama e de uvas, davam sombra à soleira da porta, onde se sentavam à tarde, em cadeirinhas baixinhas, a conversar com os vizinhos ou a fazer renda. Como eram tirados os ramos que iam nascendo por baixo, a planta ficava esguia e sem folhas junto da parede, como o cabo de um guarda sol.
Quando a encontrei no fim de tantos anos, fiquei admirada por voltar a fazer a contagem dos leitões-penso que são 12- e a parar nos mesmos pormenores.
É mesmo um encanto. 12 filhos de uma vez!!!

06/09/2008

Alcongosta, Fundão

"No segundo fim-de-semana de Setembro, como sempre, realiza-se a festa de Alcongosta. Por isso tencionamos nos próximos dias dar especial atenção a esta temática. Uma festa que tem a curiosa particularidade de todos os anos ser organizada por quem completa 40 anos, uma forma pouco vulgar de definir quem são os festeiros. Apesar de as pessoas não terem o mesmo número de filhos que era habitual antigamente, a verdade é que a festa, com muitos ou poucos recém-quarentões, nunca deixou de se fazer. Este ano não vai ser excepção. Os cartazes já estão por aí com o programa, que inclui a inevitável procissão das velas, no sábado à noite, e a de domingo à tarde. Claro que a componente pagã não foi esquecida. Fica o encontro marcado para o ringue, então. Só que este ano quem faz a festa no próximo ano não sobe na segunda-feira ao palco, como é habitual, porque se decidiu encurtar até domingo. Certamente que o momento irá acontecer no último dia da festa. A fotografia em cima foi enviada pela Carla Rolão, sem identificar quem aparece. A ela, que gentilmente tem cedido material para o blogue, obrigado. Nos próximos dias vamos postar mais. Nomeadamente da Telma Rolão e da Ana Cláudia Ribeiro, que também já enviaram registos fotográficos e a que se presta aqui o devido agradecimento. Acontece que as imagens que chegaram são sobretudo da procissão, com o interesse de serem quase todas bem antigas. Era bom se o pessoal pudesse mandar mais coisas. Mais uma nota. A foto foi tirada na rampa da fonte, há uns 40 anos. Reparem que nenhuma das casas que se vê está de pé. Actualmente são as da Gracinda Rambóia, do Alberto Mendes e Víctor Bonifácio. Já agora, alguém sabe dizer quem são os festeiros este ano?"
In: pedacosdealcongosta.blogspot.com

Alpedrinha, Fundão

"novelos doces...

De 19 a 21 de Setembro irá decorrer o Chocalhos 2008, Festival dos Caminhos da Transumância, que trará ao Fundão as sonoridades do Mediterrâneo.
Haverá workshops, exposições e conversas em torno do universo pastoril e dos segredos feitos da lã.
Concertos, tasquinhas, artesanato, produtos tradicionais e muita animação de rua, onde com certeza o licor e doce de cereja não vão faltar. Um festival a não perder!"
in: coisasdecereja.blogspot.com

Amor para sempre