O tanque da roupa era uma tentação!
Acabado de encher com água da nascente, era irresistível de tão transparente, mas... gelada.
Os "pirolitos" não continham cloro.
A barriga encolhia-se com o frio e os dedos ficavam encarquilhados e roxos.
Mas até isso fazia parte.
Acabado de encher com água da nascente, era irresistível de tão transparente, mas... gelada.
Os "pirolitos" não continham cloro.
A barriga encolhia-se com o frio e os dedos ficavam encarquilhados e roxos.
Mas até isso fazia parte.
A brincadeira estava sempre por ali, à esperade ser parceira...
Mesmo assim os dois primos inseparáveis mergulhavam sob a vigilância "arrepiada" da Rita.
A respiração continha-se e os risos só se soltavam depois, quando recompostos do choque.
Nunca havia constipações.
Como o sol era quente, bastava subir as escadas a saltitar (por causa das areias mais grossas que se espetavam nos pés) e ao chegar à varanda, já se estava em forma outra vez.
Como o sol era quente, bastava subir as escadas a saltitar (por causa das areias mais grossas que se espetavam nos pés) e ao chegar à varanda, já se estava em forma outra vez.
Quando alguns garotos de Lisboa nos davam rótulos porque éramos da "província", falávamos "achim" e não conhecíamos cinemas, transportes ou lugares como eles, dávamos-lhe razão e desejávamos ir para a cidade o mais depressa possível...
Que imagem tínhamos da vida das cidades!
Eu adorava ver Lisboa à noite, com toda a iluminação colorida dos cinemas e prédios de grandes empresas.
Que imagem tínhamos da vida das cidades!
Eu adorava ver Lisboa à noite, com toda a iluminação colorida dos cinemas e prédios de grandes empresas.
Parecia-me tudo muito alegre, as pessoas muito apressadas davam-me a ideia de ser todas felizes, os transportes cheios faziam-me acreditar que andavam todos a passear por gosto.
As lojas com fatiotas ousadas, os restaurantes cheios, as pastelarias com pessoas em pé, pareciam sempre numa festa.
As lojas com fatiotas ousadas, os restaurantes cheios, as pastelarias com pessoas em pé, pareciam sempre numa festa.
Depressa pude ver a realidade.
A sonolência de quem viajava nos autocarros pouco tinha a ver com o cansaço dos fins de festa e os rostos dos mais apressados transmitia tanta impaciência, tanta raiva, que ao mínimo contratempo explodiam em impropérios e desespero.
A nossa infância vinha-me então à memória como um período maravilhoso, que nos dera uma estrutura tão forte, como as montanhas que observavam quietas o nosso crescimento.
A nossa infância vinha-me então à memória como um período maravilhoso, que nos dera uma estrutura tão forte, como as montanhas que observavam quietas o nosso crescimento.
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