26/09/2007

Tudo começou aqui para mim e a minha geração!

Depois foi muito alucinante...

Elvis, Beatles, Rolling Stones...

Cabelos compridos, make love not war, S. Francisco e flores no cabelo... O tempo voou.

25/09/2007

carros...

As gincanas na avenida do Fundão, estão longe da minha memória. Sempre ouvi falar delas e só lembro vagamente o reboliço dessas alturas.

O pai participava e arranjava sempre par para fazer equipa.

A assistência tão murchinha... a criança, o polícia... tudo tem a ver com as provas desportivas em velocidade e as corridas na ponte Vasco da Gama altas horas da manhã, de agora!

O BL-12-12, era um espaaaanto!
As meninas de soquete branco e blusa chegadinha ao pescoço, manguinha de balão, joelho tapado, na maior decência, também se parecem com as adolescentes de agora, com roupas tão pequenas que mais parecem não ser delas, sugerindo muito e resguardando pouco, numa atitude de descontraída de provocação.
Acho que nem oito, nem oitenta...
Aqui, a geração seguinte.
Filho de peixe...
Os carros, sempre os carros, na vida do meu pai e do meu irmão Manel.
O autódromo do Estoril, pelos anos 70, os mini na berra.
Umas vezes o 4, outras o 44... tempos de sonhos e devaneios!

22/09/2007

Raízes

O Fundão é terra de boa gente, que também atrai
para o Fundão gente boa.

Há costumes que se mantêm e que são levados pelos Fundanenses para longe e recordados com carinho, anos e anos.
Quem nunca tomou café no Cine, leu o jornal na sua esplanada ou apenas conversou com amigos e viu passar as modas?
A sombra das tílias apazigua o calor do verão e torna sala de convívio esta avenida tão acolhedora.
Os jovens, mais familiarizados com as novas tecnologias, preferem a solidão do seu quarto para uma conversa na sala de chat.

Não conhecem com quem falam, não a podem tocar, nem ver ou ouvir as suas gargalhadas, na maioria dos casos. O cine proporcionou muito mais que isso toda a sua vida. Encontros, namoros, amizades, cavaqueira apenas. Mas tudo ao vivo e a cores... a fazer bater mais forte o coração!

.A Igreja... Baptizados, casórios e velórios, claro, juntam aqui as pessoas.
As amigas e as conhecidas...
No Natal, é o madeiro o anfitrião.
As canções ao Menino Jesus estão cada vez mais tímidas, mais esquecidas, mas no frio gélido das noites de Natal, o madeiro regala os olhos e junta os cristãos.
Os sinos são gritos de aviso que se ouvem ao longe. A Igreja é o coração do Fundão, o centro, a mãe.


O jardim e o casino. À direita, a casa dos Maias, hoje belíssima residência de Turismo.
Era aqui que todas as noites, no Verão, quando eu era criança, corria e saltava até ir para a cama.
No casino, nos bailes de Setembro, muito dancei...
Acho que o fiz pelo resto da vida, pois nunca mais tive como satisfazer essa minha paixão.
Lá ao fundo, está a Igreja e deste lado, a Câmara
Municipal.



O Parque das Tílias, tão conservador e diplomata- não fosse a propaganda política a estragar a sua harmonia fotogénica-lembra-me a minha mãe a fazer renda, acompanhada das amigas, nas tardes de calor.
Fala-se das doenças, dos médicos, das consultas, dos tratamentos.
.
E a tudo isto podemos acrescentar os biscoitos da Mª Joaquina, as filhós da Amélia, as papas de carolo da mãe, as pataniscas de bacalhau-as melhores da Terra- as cherovias fritas, os peixinhos da horta, o esparregado de vagens e o azeite... o azeite delicioso que faz o bolo da Páscoa e tempera as couves com batatas na consoada.
Não é só o queijo de ovelha, não são só as cerejas... São as tílias em flor, as oliveiras dobradas ao peso da azeitona, os bombos de Lavacolhos, o Rancho de Silvares, as castanhas do Souto da Casa, as trovoadas, as geadas, os turistas da Serra...
São as sirenes dos bombeiros e o céu nublado com as cinzas dos fogos.
Sãos os sabores, os odores, as preces e as dores. As raízes que me sustentam.

17/09/2007

O campismo

No parque de campismo do Fundão, o Paulo e a Maria Eduarda foram visitados pelos meus pais, pela tia Salete e pela amiga Tila.
Apesar de estarem no campo, as senhoras não dispensaram os colares e os brincos...
O Paulo brinca com o fotógrafo.
O pai, o Paulo e a tia Salete partiram e esperam por nós do outro lado.
A sua ausência tirou a vontade de fazer campismo aos que ficaram.
Mas a vida continua... e recordar é viver!

O Paulo

O Paulo era o filho mais novo da Mimila.
Estudioso e muito calado, era o mais sisudo dos três.
Foi para Angola fazer o serviço militar e ficou lá a trabalhar num cargo importante que lhe ofereceram.
Voltou casado com a Maria Eduarda e com dois filhos muito lindos- A Paula e o Pedro.
Voltou sorridente, com uma disposição que só a felicidade consegue dar.
O Paulo foi sisudo e voltou feliz! A foto mostra bem.

16/09/2007

O Zé

O Zé, o filho mais velho da Mimila, casou com a Rosa Maria, a quem namorava já há muitos anos e foram viver para Mirandela.
Tinham comprado uma escola de condução, casado, montado a casa... o dinheiro era pouco, mas como o amor era grande, o entusiasmo não faltava.
Nascera a Ana Cristina e a Rosa Maria ainda estava um tanto combalida. Então o Zé, acendeu a lareira, colocou um cobertor numa cadeira, foi buscar a Rosa Maria ao colo e sentou-a ao quentinho.
Antes de ir trabalhar, no entanto, foi buscar ao quintal um caixote de papelão, colocou-o em cima da lareira, o buraco para a frente e disse: Fica aí sossegadinha a ver televisão. Eu já volto.
Nessa mesma manhã, a Rosa Maria teria de ir pelo seu pé despedir-se para sempre do marido, vítima de um acidente de viação. A vida!

A Teresa

Aqui, a Mimila com a Teresa, a Rozarinho e uma outra criança, que não conheço o nome.

O Zé, O Paulo e a Teresa, os 3 filhos da pessoa mais adorável que existiu à face da Terra- a Mimila.

O Paulo e o Zé já estão com ela.

A Teresa continua a acarinhar a filhota, já adulta.

Como deve sentir saudade da mãe!

15/09/2007

A Lena

Se há fotos que me fazem rir, esta é uma delas.
A casa da quinta estava em construção e a minha mãe foi até lá com as amigas.
A Tereza tem um chapéu de morrer...
Se fosse agora, dizia que o tinha comprado nos chineses, mas naquele tempo, o único chinês de que há memória no Fundão era um que vendia gravatas... não chapéus!
A Lena tem uma farpela, que valha-me Deus!!! Deve-se ter molhado e a minha mãe vestiu-lhe as cuecas, vá lá saber-se de quem! Ou então preparava-se para tomar banho no tanque e esse foi o único biquini que estava por perto... Aliás, monoquini.
E ainda há mais uma.
A Lena, descalça e com a tal fatiota. Ela tem de mostrar esta ao neto, ao César.
A Milau, a amiga brasileira da Covilhã, lava um trapito para posar para a foto.
A mãe, com um chapéu e peras.
O meu pai, pensativo. Pudera! Fazer uma casa daquelas, naquele tempo...
A casa, a quinta e as pessoas... Como o tempo passa!!!

Angola


O Manel não quis tirar a fotografia fardado.
Cozia os botões com fusível de electicidade, passava as calças colocando-as debaixo do colchão durante a noite, enfim, devia ser por isso que para a pelingrafia vestia a jaja do domingo.
Repare-se na pulseira de prata à Roberto Carlos... Um chiquê!!!
Saudades, saudades, é a cinturinha... Ai, ai. Que suspiro tão fundo! Onde estará ela que já não a vejo há séculos...
A foto tem uma legenda atrás
"Sá da Bandeira, 23.10.1970
O Sá não quis ficar na foto.
Manel"
E pronto. Aqui fica para recordar.
(Nem ganhavas para um cinto!!!)

As madrinhas de guerra

Os nossos rapazes partiam para o Ultramar e nós ficavamos a pensar neles...
Então começaram as cartas para trás e para diante.
Mas havia rapazes que não tinham amigas a quem escrever, ou tinham poucas e queriam ter muito correio para ler quando voltavam do mato.
Alguém se lembrou das "Madrinhas de Guerra".
Eles escreviam para um jornal ou para uma revista e pediam uma madrinha. Nós respondíamos.
Às vezes dava certo e nascia amizade, até casamento. Outras vezes não dava nada.
Mas, aliadas às cartas, passaram a estar as fotos.
Tiravam-se fotos para mandar para a frente de batalha e recebiam-se fotos de mancebos fardados, em terras tão distantes.
Eu adorava escrever e receber cartas, como todas as miúdas da minha idade. Longas, umas engraçadas, outras melancólicas, de escrita cuidada, representavam muitas horas de partilha!
Claro que tinhamos de mandar a fotografia da praxe no fim dos primeiros contactos. Fotografias que tiravamos umas às outras, com todo o estilo que as máquinas permitiam.
Esta foi uma delas. Com 14 ou 15 anos, com todos os sonhos por realizar, fazia sonhar os militares que lutavam numa guerra que não queriam, não entendiam e não mereciam.
Muitas histórias aconteceram e poderei contar algumas. As que não me pertencem, continuarão anónimas, mas nem por isso menos verdadeiras.
Acho que no coração dos antigos militares da guerra do ultramar, estão guardadas com carinho as lembranças das suas madrinhas de guerra.Mesmo já sem nome, nem rosto.

A escola há 70 anos!

As fotos da escola, com a professora, não são moda nova!
As miúdas, já espigadotas, com cara de terem feito a 4ª classe, posam para o álbum das memórias. A minha mãe, atrás da professora, com a sua figura esbelta, que nunca perderia.
E se não fosse esta maravilha da ciência, quem se lembraria agora destes tempos, destas caras, como a da D. Beatriz Serôdio, que é tal e qual a da Cila, a sua filha mais velha, ou de outras que reconheço as feições, mas não lembro o nome?
A roupa do domingo, talvez a do exame da 4ª classe, cabelos bem penteados e lá estão elas, escada acima, como era costume...
Há ali umas mais pequeninas, que se adiantaram ou então frequentavam outras classes, na mesma sala, como ainda hoje se usa fazer.