26/08/2007

Saiotes e folhos

Haverá figurinha mais tristota?

Na praia, debaixo do toldo, no calor do mês de Agosto, eu... completamente enfarpelada com saias e bibes de folhos, cabelo penteado, borboleta engomada e...pés descalços.

Como é possível fazerem uma coisa destas a uma criança?

Sentarem-na ao sol, vestidíssima, penteada e pronta, uma vez mais, para ficar horas a olhar para o sol.

Não havia ninguém por lá com sensibilidade para partir a máquina fotográfica?

Que bom ter um fato de banho pequenino, correr na beira do mar, brincar na espuma salgada da rebentação das ondas e fazer castelos na areia, com as formas de conchas e peixes... gozar a natureza em liberdade.

Detalhe...

Não resisti à tentação de voltar a esta colecção de fotos, que acho um espaaanto.
As franjas estão bem escovadas e o risco ao lado é regra para todos.
O sol nos olhos... a câmara que não faz o clic da praxe...
Quando estava quase, esperem!
O Manel pede água. Alguém vai buscar um copo rapidamente e a mãe, como assistente, refresca a garganta do artista. Era preciso aguentar o tchan que se conseguira para uma foto tão especial.
O Tonô nem acredita na falta de profissionalismo... ou melhor, nos caprichos do vedetismo. Eu continuo a esgrimir com os raios brilhantes que teimam em me fazer correr as lágrimas...
Francamente, Manel! Sempre a fazer-nos das tuas.

21/08/2007

O vício...


Tenho sentido a falta de escrever as minhas lembranças, de me sentar e viajar calmamente através das letras que se agrupam e planam nas "brumas da minha memória".

Divirto-me e sinto-me menos só, recordando as pessoas que caminharam a meu lado, ou se cruzaram comigo nesta estrada da vida.

Tem sido dificil conseguir um pouco de tempo para mim, tempo que ainda divido com o robedesoir.blogspot.com, onde também deixo alguns gatafunhos.
Só me conformo quando visito os blogs de amigos e vejo que estes também têm avançado muito lentamente, embora por outros motivos... férias, passeios, amigos e esplanadas. Ainda bem.

A mim faz-me falta estar em sossego e escrever. É tarefa que não me cansa. Não sinto fome, sono ou cansaço. Não sinto o tempo passar. É já um vício.

Desde muito pequena que não sei andar sem papel e caneta... sinto-me despida, perdida, inquieta, mesmo que não escreva nada.

Mas se não conseguir escrever dez palavras seguidas sem me interromperem, também fico impaciente e chata. Imprópria para consumo, intragável.

Assim, mesmo com vontade de voltar às minhas fotos e aos meus comentários de chacha, é preferível adiar.

Também tenho chegado cansada do serviço, onde muitas colegas estão de férias.

É assim... já deu para me abstrair das "Chiquititas" que a esta hora enchem de vozes esganiçadas a minha sala, tão habituada ao silêncio...
Por causa delas só me chamaram duas dezenas e meia de vezes numa hora!

16/08/2007


15/08/2007

Manel

O bairro de Londres, os cabelos compridos, a barriga ausente e o futuro a adivinhar-se...

Vê só que maravilha andares na net com uma cinturinha que mede metade da largura dos ombros...
Será que com esta imagem conseguirei chamar-te a atenção e pedir-te que me tragas a malinha das fotos da mãe?
Quero copiar outras que me lembro de ter visto, mas que não tive tempo de tirar.
O meu stock está esgotado e só tu me podes ajudar.
Bom, acho que se as tuas fans desse tempo te vissem aqui, desmaiavam de emoção.
A São devia pedir uma indemnização. A mercadoria que adquiriu, não corresponde há que possui. As provas são evidentes... ganharia de certeza! Um beijo.

Os pais


A "love generation" começara aqui...
Não se herdam apenas as casas e as terras, mas também os hábitos, os gostos, as tradições, os sorrisos, os afagos e os sonhos.

Parte da "Love generation"

O pobrezinho do Kid tem mesmo vida de cachorro!!!
O maravilhoso sorriso da Bagui, que deixa envergonhadas as rosas do canteiro,só por si, cura hoje muitos doentes nos cuidados intensivos do Hospital de Stª Maria .
O Kiko, que finalmente deixou lavar o equipamento do Belenenses e que não perde de vista o pequeno animal indefeso, é hoje perito em novas técnicas da comunicação.
O Pedro, não dando descanso ao recém nascido Serra da Estrela, já a dizer mal da vida dele, defende causas em Tribunal. Quem sai aos seus...
A Rita, com um dom especial para o design, chega até nós constantemente através do pequeno ecran, dos outdors e das publicações onde brilham os seus trabalhos publicitários, além de cuidar da sua família com tanta dedicação como aqui dos seus irmão e primos.
Há mais... felizmente.
Falta a Bebé e o Bernardo.
É mesmo a "Love generation"

14/08/2007

O amuo

Em frente à capoeira das galinhas encontraram finalmente o lugar ideal para fazerem o registo fotográfico!!!
A Tereza sorri de cabeça baixa, talvez temerosa da grande responsabilidade de foto tão criativa.
Eu rio-me. Sentarem-me em máquinas esquisitas era costume muito antigo. Até já achava graça.
Quem perdeu o sorriso foi o Tonô... Pudera!
Por mais paciência que se tenha, chega o momento em que se esgota...
Ser tirado da brincadeira, lavar a cara, pentear a franja, sentar a olhar para o sol e esperar para ver o passarinho que nunca chega a aparecer, não é fácil.
A Tereza e a Mimila, presenças constantes e afectuosas na minha infância...

Veículos... e laços.

Tanto que eu gostava de ver a rua atrás...

Não consigo entender porque tinham que anular o cenário natural em cada fotografia que nos tiravam. Desta vez com um casaco comprido...

Tinham ideias persistentes. Fazer o registo para a posteridade em cima de um veículo (motorizado ou quase), era uma delas.

Quase caio da "bruta máquina", que ameaça tombar para a esquerda, mas mantenho a pose. Começava a habituar-me, a tomar-lhe o jeito.

Ainda se podia conduzir sem capacete e sem carta de condução, mas o mais difícil era fazê-lo sem chegar com os pés aos pedais.

Agora compreendo porque ainda não gosto de ser fotografada!

13/08/2007

Como o luar...

Cá está o Pedro de novo.

Esta foto é para a "Julieta" dos olhos cor do céu e dos cabelos de ouro...

Já então era "moço bonito" de morrer!

Anafadinho, como se tivesse sido picado pelas abelhas. As mãos, as bochechinhas...

Inchados, os dois, pai e filho, de um amor tão belo como o luar, tão quente como o sol, tão forte como o vento, tão profundo como o mar, tão generoso como o sonhar, tão livre como o pensamento e tão constante como o tempo.

Os amigos



Os filhos dos nossos amigos... amigos são!
O Paulo e a M.Eduarda vieram visitar os meus pais e os seus filhos - Pedro e Paula- passaram logo a fazer parte da tribo.
Tempos de férias, de vida ao ar livre, de descontracção.
Quem consegue imaginar o que nos está destinado, o que vem a caminho?
Que pena o tempo passar tão depressa e trazer tantas coisas que não esperamos, que não desejamos, que não merecemos.
Que pena...

A alegria

As latadas cheias de uvas maduras que seriam vindimadas em Setembro, no fim do Verão, faziam sombra para as correrias em bicicleta, as passeatas em que as crianças trocavam os novelos feitos de fios dourados da sua imaginação.
Foi assim connosco, foi assim com os nossos filhos... quem dera que seja assim com os nossos netos!
Não precisavamos de televisão, de Mcdonalds, de sessão da tarde no cinema do centro comercial.
Os abraços eram dados pelo pai, pelo avô, pelos mais velhos, sem olhar à quantidade, sem regatear a qualidade.
As atenções, os mimos, os doces e os bolinhos eram uma constante na mesa fazendo companhia ao leite e ao pão com manteiga.
Nas férias, os primos cresciam juntos como se fossem irmãos e os amigos como se fossem primos, os conhecidos como se fossem amigos.
Crescia-se a cada vez que se enchiam os pulmões de ar puro, a cada corrida, a cada jogo.
Não me lembro das lágrimas, da solidão, do abandono, da tristeza.
O sorriso da Bagui e do Kiko não deixam dúvidas... Era a alegria!

Ao banho!

O tanque da roupa era uma tentação!

Acabado de encher com água da nascente, era irresistível de tão transparente, mas... gelada.
Os "pirolitos" não continham cloro.
A barriga encolhia-se com o frio e os dedos ficavam encarquilhados e roxos.
Mas até isso fazia parte.
A brincadeira estava sempre por ali, à esperade ser parceira...
Mesmo assim os dois primos inseparáveis mergulhavam sob a vigilância "arrepiada" da Rita.
Desta vez não era o Pedro, mas a Bagui.

A respiração continha-se e os risos só se soltavam depois, quando recompostos do choque.
Nunca havia constipações.
Como o sol era quente, bastava subir as escadas a saltitar (por causa das areias mais grossas que se espetavam nos pés) e ao chegar à varanda, já se estava em forma outra vez.
Então vinha o lanche da avó... e o apetite também não faltava.
Quando alguns garotos de Lisboa nos davam rótulos porque éramos da "província", falávamos "achim" e não conhecíamos cinemas, transportes ou lugares como eles, dávamos-lhe razão e desejávamos ir para a cidade o mais depressa possível...
Que imagem tínhamos da vida das cidades!
Eu adorava ver Lisboa à noite, com toda a iluminação colorida dos cinemas e prédios de grandes empresas.
Parecia-me tudo muito alegre, as pessoas muito apressadas davam-me a ideia de ser todas felizes, os transportes cheios faziam-me acreditar que andavam todos a passear por gosto.
As lojas com fatiotas ousadas, os restaurantes cheios, as pastelarias com pessoas em pé, pareciam sempre numa festa.
Depressa pude ver a realidade.
A sonolência de quem viajava nos autocarros pouco tinha a ver com o cansaço dos fins de festa e os rostos dos mais apressados transmitia tanta impaciência, tanta raiva, que ao mínimo contratempo explodiam em impropérios e desespero.
A nossa infância vinha-me então à memória como um período maravilhoso, que nos dera uma estrutura tão forte, como as montanhas que observavam quietas o nosso crescimento.

09/08/2007

As colegas

As minhas colegas de escola... A Ana Maria, a São,a Elvira, a Tereza, a Mizé, a Isabel Rosa e outras.
Ontem foi o aniversário da "Menina Lurdes", como chamavamos à contínua que está na foto connosco, lugar que deveria ser ocupado pela professora. Completou mais de 80 anos...
Foi uma presença constante na vida da escola primária e embora actuasse com autoridade, ainda hoje sinto muito carinho por ela.
Lembro-me do 1º dia em que fui à escola.
A Amélia foi-me levar. Subi a Rua da Cale muito orgulhosa da minha bata branca e muito temerosa do desconhecido. A companhia da Amélia dava-me alguma confiança, mas eu ia com o coração a bater forte.
À entrada da escola havia um hall e uma escada para o 1º andar, que subi pela mão da Amélia. Lá em cima, à porta da sala, estava a menina Lurdes, que encaminhava as crianças da 1ª classe para os seus lugares, pois a professora ainda não tinha chegado.
A Amélia parou a conversar com ela e eu não lhe larguei a mão.
A menina Lurdes puxou-me pelo braço, fazendo-me separar da mão que me confortava e empurrou-me para dentro da sala, sempre a falar com a amiga.
Entrei de rompante e sentei-me. A sala estava cheia e eu fiquei envergonhada.
Foi nessa sala que fiz os 4 anos de ensino primário e estas foram as minhas companheiras de estudos e brincadeiras. Eu sou a 1ª do lado direito, de joelhos, com saia de xadrez e blusa com laço. A minha mãe tem uma foto idêntica com a sua professora e os meus filhos também...
Mudam os tempos, mas não mudam as fotos!

A infância

O Pedro diz-me para não ser preguiçosa...
Ele tem razão, não tenho tido vontade de escrever.
Veio a minha mãe passar o mês de Agosto a minha casa e sempre que me vê em frente do computador, chama-me para dizer qualquer coisa. Fala-me de pessoas do Fundão, que eu não conheço, ou se conheci, já não tenho qualquer ideia de quem sejam. Como mostro gostar de saber essas novidades, tenta contar mais. Sempre que recomeço a escrever, volta a querer a minha atenção. Preferi fechar o computador e evitar ficar impaciente com as interrupções.
Para o meu sobrinho Pedro, "moço bonito", (como diria Jorge Amado em "Gabriela"), faço hoje serão e lembro a sua infância na quinta.
Na foto, o Frederico e o Pedro.
O Frederico, o meu filho, com o equipamento do Belenenses, o nº 1 nas costas a seu pedido, que adorava e vestia todos os dias. O Pedro, de pés no chão, mesmo contra a vontade da avó (por causa do perigo de se cortar num vidro ou espetar um prego) a piscar os olhos, para manter a tradição. O cachorro Serra da Estrela, com pouco mais de um mês de idade, arreado de tantas festas.
A quinta era o paraíso para todos nós.
Os cães, as galinhas, os coelhos e os gatos. A água, a terra, as pedras, as árvores e o céu.
O espaço... a liberdade.
Já tinha sido para mim e para os meus irmãos. Era para os meus filhos e para os meus sobrinhos da mesma forma.
No ribeiro ao fundo da latada, fazíamos regatas com cascas de nozes e pedacinhos de cana.
A nogueira e a nespereira, no meio do jardim, eram os nossos castelos e os monte da areia que sobrara de uma obra, tomava um sem fim de formas, que alimentava a nossa imaginação.
Os arbustos que a minha mãe mandava podar com feitios elaborados, eram os esconderijos para os cowboys, que se alvejavam de surpresa com pistolas de pau.
Agora, tudo se repetia.
Tomavam banho no tanque da roupa, com água saída da nascente, gelada e transparente.
Faziam bigodes com as talhadas de melancia, que tingia as roupas e deixava as mãos meladas do açúcar.
Para o Frederico, qualquer pauzinho servia de pistola e os tiros, sons que fazia com a boca, chegavam a fazê-lo babar-se com tantos que disparava seguidos.
Os cães, tão respeitados por quem se aproximava da quinta, eram uns "borrancanas" nas suas mãos. Podiam fazer-lhes tudo, que eles não se afastavam, nem se rebelavam.
O Verão era uma aventura cheia de sol, ar puro e coisas boas.
Hoje, já homens, em vez de jogos e correrias, os meus Romeus fazem juras de amor, embora de forma mais descontraída, mas igualmente apaixonada, às suas Julietas de cabelos de oiro e olhos cor do céu. Adivinha-se uma nova geração...