09/11/2007

Tempos de partilha

Apesar de ter vindo da aldeia sem um tostão no bolso, com ideias novas e muito trabalho, acabou por ser uma das pessoas mais importantes do Fundão, pelo seu poder económico.
A sua origem humilde e o seu bom coração faziam com que ajudasse quem tinha sido menos bafejado pela sorte - continuo a acreditar que a sorte também tem muita importância na nossa vida - e a ele recorria para empregar um filho, para ser fiador num empréstimo, para emprestar mesmo uma quantia que resolveria um momento de aflição.
Era um grande empresário já, quando tomei consciência da amizade que o ligava ao meu pai e da forma como ajudava os outros.
Um dia, andando muito doente com uma úlcera varicosa numa perna, que o fazia sofrer horrores, atendeu no seu escritório uma mulher que lhe ia pedir ajuda, como era hábito.
A mulher era muito humilde e para tentar agradar ao senhor que tinha a solução para o seu problema, começou por lhe perguntar pela saúde. Ele lastimou-se do seu sofrimento. Ela, ainda a tentar agradar, disse-lhe:
-Mas tem tão bom aspecto.
Ao que ele respondeu -Pois é, mas eu não me queixo do aspecto!

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