25/11/2007

Laranjas da Baía

No jardim da quinta havia uma laranjeira, lá ao fundo, à entrada da garagem dos tractores, que na altura desta foto, já tomava corpo.
Enchia-se de flor e tinha 3 camadas de laranjas: verdes pequeninas, médias e já maduras. Tinham muito bom aspecto, tanto em tamanho, como em cor. A laranjeira, no entanto, era brava.
Fora enxertada por diversas vezes, mas os enxertos não pegavam e a laranjeira lá continuava a crescer, a florescer e a carregar de frutos, sem se deixar domesticar. As laranjas apesar de óptimo aspecto, eram de casca grossa, sem sumo e azedas como o vinagre.
O meu pai desistiu de a domar e deixou-a no seu estado natural, pois com o verde da folhagem, o branco da floração e a cor viva das laranjas, enfeitava o jardim.
Todas as pessoas que iam à quinta, mal olhavam a laranjeira, cobiçavam as laranjas. Muitas vezes colhiam uma disfarçadamente e descascavam-na com pressa, para a comerem sem serem apanhadas.
Ao meterem o primeiro gomo na boca, davam um grito, fraziam o nariz, os olhos e a testa, atiravam-no ao chão com pressa e cuspiam tudo entre arrepios de morte.
O meu pai, que observava pelo canto do olho, parecendo distraído, dava uma gargalhada sonora, a que juntava uma ou outra frase engraçada e todos acabavam por rir.
Vezes sem conta este episódio se repetiu e outras tantas vezes nos fez rir com vontade, pelo engraçado da situação e pelo bom humor do meu pai, que se divertia com as coisas mais simples.

1 comentário:

Luíza Frazão disse...

Querida Suzete,
Um beijinho. Há quanto tempo!
Mais um dos seus blogues fantásticos... Parabéns!
Espero vê-la em breve para lhe dar pessoalmente um abraço.

Luíza