03/02/2008

Já não se pode beber um copo!

Vou contar uma história verdadeira de um trabalhador do campo, que hoje não sei por que associação de ideias me veio à lembrança e ainda me fez sorrir.
Era um solteirão, com pouco mais de 40 anos, que se matava a trabalhar durante o dia e nunca se deitava sem os copitos da ordem.
Vivia com a mãe, já velhota, (ou talvez não, pois ele também parecia muito mais velho do que era) e lá cuidavam um do outro conforme podiam.
Ele, quando acabava o trabalho, passavva pela taberna e "aqui vai disto" até ficar com as pernas bambas e a vista turva.
Chegava a casa, a mãe lá tinha o jantar à espera. Como já ia meio atordoado, o pobre homem comia e adormecia ali mesmo à mesa. A mãe chamava por ele e muitas vezes lá conseguia convencê-lo a ir para a cama. Um desses dias, comeu a sopa e dormiu em cima dos braços, como era costume!
Demanhã, deu pela falta da dentadura postiça.
A mãe, na tentativa de a ajudar a recuperar aquele valor que tanto tinha custado a pagar, dava voltas e mais voltas à cabeça, tentando compreender o que poderia ter acontecido à dentadura do filho.
Lá se lembrou que ele adormecera sem comer a sopa toda e que ela despejara o que ficara no prato, no caldeiro da comida do porco. Se calhar, pensou ela, acontecera o que já por outras vezes vira... o filho dormia com a boca aberta e a dentadura caía no prato.
Foi à pocilga e procurou. Feliz, voltou ofegante a dar a notícia ao filho. O porco comera os restos do jantar, mas não comera os dentes dele.
Passou-os por água, ali mesmo, na torneira da cozinha e deu-os ao homem que mostrava as gengivas a sorrir.
O porco não era burro!

1 comentário:

nuno medon disse...

olá! Passei por aqui...gostei deste texto! O porco soube seleccionar bem aquilo que lhe calhou ao jantar. Ainda bem que o porco era esquisito. *