16/12/2009

Está a nevar!

Está a nevar nas terras altas da Beira.
Aqui está frio, chove e adivinha-se a neve lá longe, na Serra da Estrela.
Aquele frio, a que eu estava habituada na minha adolescência, agora sabe-me bem, talvez pela saudade que tenho da minha juventude e da minha terra.
O casaco comprido, as luvas, o cachecol, eram peças de vestuário obrigatórias para se sair à rua.
Em casa, a braseira era um elemento indispensável. A mesa redonda, com cobertura de fazenda de lã, escondia a braseira eléctrica que aconchegava a família à chegada da rua.
As crianças faziam os trabalhos à volta da mesa.
As refeições eram tomadas ali também.
As camisolas interiores, as malhas de pura lã, o cachecol de angorá, ajudavam ao passieo na rua, sem o desconforto do frio que chegava aos ossos.
Na quinta, gelava a água no tanque e brilhavam os pingentes de gelo nos braços das árvores sem folhas.
Todas as manhãs, a caminho das aulas, viamos os campos brancos de geada e as fogueiras que os agricultores faziam, para ir aquecendo os dedos, que gelavam ao apanhar a azeitona das oliveiras perfiladas.
O pior era a escola... não havia aquecimento, nem que o pátio estivesse coberto de neve.
Não havia casacões de plumas, nem kispos impermeáveis.
Mesmo assim, estudava-se e vencia-se sem que alguém desse por isso.

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