16/06/2007

A foto

Ir tirar uma fotografia aos filhos, no quintal, trazia algumas preocupações. Primeiro saber regular a "Kodak", o que não era assim tão fácil como se pensa... Depois, arranjar uma parede onde encostar os cachopos, como se o ambiente natural onde eles brincavam, pudesse estragar a foto.
Tinha de haver luz. Muita luz! Piscávamos os olhos, fugindo do sol que nos encandeava até às lágrimas, enquanto se focava e centrava a imagem, tormento que durava largos minutos!!!
Ah! Também se dava valor aos acessórios. A minha boneca, a Pupi, a bola do Manelito e ainda faltou a pastinha do Tonô, largada certamente, na pressa de ser colocado em cima do banco, para dar alguma harmonia à cena.
Eu, de bibe bordado, com a história da carochinha, talvez. O Manelito, com a sua roupinha "au point", como era costume. O mais novinho, parece ter vestidas as calças do mais velho... sem que isso lhe tenha afectado o sorriso.
Os cabelos penteados, claro. As marrafinhas, como se chamava à franja dos rapazes, eram domadas a chicote. Escapei ao tradicional laço no cimo da cabeça, que eu abominava...(era difícil convencerem-me e ainda o sol se punha...)
Por fim, tudo a postos para o "olha o passarinho".
Vê-se bem o meu sapato que não apertei, as biqueiras das botas do Tonô todas esfoladas de andar de joelhos ou a jogar à bola, mais duas pessoas que tinham de ver tudo bem de perto e as sombras inevitáveis. Era como se esses pormenores, de tão somenos, não ficassem no retrato!
Eu baixei a cara, pura e simplesmente. Os meus irmãos mostraram ser homens e ainda aguentaram de cabeça erguida, embora um tanto de esguelha, a espera do clic tão almejado...
E pronto, só faltava ir ao fotógrafo para revelar!

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