24/01/2009

Inverno

Os dias estão maiores!
"Pelo Natal, um pulinho de pardal
Em Janeiro, uma hora por inteiro".
Também estão mais invernosos, mais cinzentos, mais ventosos, mais soturnos.
Mas sabemos que em breve as folhinhas começarão a aparecer tímidas e cautelosas, nos olhos das ramadas, da terra húmida e vazia brotarão orelhitas verdes de plantas, que acordam do descanso habitual no final de cada Verão luxuriante e voltará a Primavera.
Na renovação da natureza, se renova a nossa esperança.
E ao que hoje nos parece tão difícil, a luz do Sol dará outro sentido. As cores ficarão mais vivas e os horizontes mais claros, mais luminosos.
O Inverno faz falta. É um período de repouso, de reflexão, de encorajamento. Sem as agruras dos seus dias chuvosos e gelados, não apreciaríamos o ar morno das tardes soalheiras, o colorido dos campos em flor, o verde viçoso da folhagem renascida da seiva adormecida.
Adoro o Inverno, porque me traz lembranças da minha terra, da minha infância, dos campos brancos de geadas matinais, do calor da lareira com troncos incandescentes e crepitantes, bom de sentir, de cheirar e de ver, do calor que espevita os sentidos, do recolhimento dos campos em que as árvores se despem e os terrenos se cobrem de musgos fofos e de tons fortes e repousantes.
Talvez eu aprecie o Inverno porque sei que é breve e logo dará lugar à época em a Natureza mais brilha. Mas a Serra da Estrela coberta de alvo manto, ou a da Gardunha castanha rosada, nas mil árvores despidas do verde da folhagem, são cenários conhecidos que me tranportam para o que eu sou, para o que amo, para o que eu sempre fui e me fazem esquecer a dureza com que me julgam e me tratam tantas vezes.
Neste dia de Inverno, chegam-me à memória lembranças, como andorinhas na Primavera, que ao reconhecerem o antigo lar, refazem as suas paredes juntando ramos e lama deixado ao acaso pelos dias de mau génio.

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