01/05/2012

De que é feita a saudade?


O amigo António Filipe falou-me das suas recordações do Fundão na nossa juventude e do meu pai, como parte  desse passado.
Quem se lembra do meu pai relaciona-o de imediato com a sua escola e com os seus automóveis.
Eu ligo-o a muitos mimos, a muitas gargalhadas, a muitas histórias e a muitos amigos.
As lembranças mais antigas ligadas à sua profissão são de quando era ainda muito pequena, antes de ir para a escola.
Parece que era diabrete e para não estar constantemente de castigo, o meu pai levava-me nas lições de condução. Eu cantarolava, ria com as suas brincadeiras ou dormia durante horas.
Era percurso obrigatório das lições, a ida à quinta, caminho que todos os alunos conheciam de cor, assim como as cerejas, as uvas ou até o vinho que acabavam por provar.
Sorrio ao recordar esses tempos e penso na dificuldade que o meu pai teria agora para se adaptar a tantas regras, tão vazias da paixão que ele punha em tudo o que fazia
Os seus alunos ficavam seus amigos para sempre e eu tive consciência de mim mesma pela primeira vez, como sua filha. 

Sem comentários: